Moacyr estudou no Grupo Escolar Senador Flaquer, no Colégio Arquidiocesano e no Colégio Rio Branco. Fez Letras na antiga FEC (atual UniABC) e Direito na USP. É professor na USCS, onde foi também diretor geral e vice-diretor no antigo Imes. Atua também no Ministério Público, em São Paulo, e é vereador em S. Caetano. |
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Universidade Municipal de São Caetano do Sul, 06 de julho de 2005.
Núcleo de Pesquisas Memórias do ABC
Entrevistadores: Priscila F. Perazzo e Danielle Barbosa.
Transcritores: Meyri Pincerato, Marisa Pincerato e Márcio Pincerato
Pergunta: Por favor, comece falando a data e local de seu nascimento e comente um pouco sobre a sua família e sobre a sua infância.
Resposta:
Meu nome é Moacyr Antonio Ferreira Rodrigues, embora as pessoas me chamem de Moacyr Rodrigues, nasci no dia 23 de agosto de 1949, na cidade de São Paulo, por acaso. Deveria ter nascido em Guaratinguetá, onde meu pai era oficial da Escola de Especialistas da Aeronáutica, mas naquela época era comum a família vir para São Paulo, as mulheres, para terem seus filhos. Nasci em São Paulo e retornei para Guaratinguetá, isso em 1949, e cinco anos depois, em 1954, a nossa família veio para São Caetano do Sul. Chegamos aqui com o objetivo de nos incluir aqui definitivamente. E assim, em relação aos meus pais aconteceu. Meu pai, quando veio para cá, acabou sendo assessor e diretor jurídico na Câmara Municipal de São Caetano do Sul e advogou durante a sua vida inteira em São Caetano e a minha mãe já era professora primária em Guaratinguetá e também conseguiu a remoção dela para cá e ela foi professora, a vida inteira, no Grupo Escolar Senador Fláquer, aqui no Bairro Fundação, em São Caetano do Sul. Eu também fiz o curso primário nesse grupo escolar, tanto eu como meu irmão, Fernando Antonio Ferreira Rodrigues, que também estudava na mesma escola, e pela coincidência da vida, nós cursamos todas as escolas, sempre juntos, e sempre na mesma classe, embora ele seja um ano mais velho do que eu, mas no terceiro ano ele acabou ficando, meio a contragosto, porque minha mãe queria que os dois seguissem juntos. E nós seguimos juntos. Era coisa da época. Fiz o primário no Grupo Escolar Senador Fláquer, depois fui estudar, fomos estudar, no Colégio Arquidiocesano, em São Paulo, fizemos o curso ginasial, admissão e ginásio, depois fizemos o curso clássico no Colégio Rio Branco, de São Paulo, da Fundação dos Rotaryanos, e depois saímos de lá e ingressamos, no ano seguinte, na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, e naquele mesmo ano, paralelamente à Faculdade de Direito, os dois fazíamos a Faculdade de Letras, na então FEC, que hoje é a UniABC. Se não me engano, nós fomos da segunda turma. Fazíamos uma faculdade na parte da manhã e outra à noite.
Pergunta: Por que sua família escolheu São Caetano?
Resposta:
Na realidade, meu pai começou a fazer os cálculos na Escola de Especialistas e descobriu que ele ia chegar a general depois de muitos anos que estivesse morto, então, atendendo a um convite do então Prefeito de São Caetano, Anacleto Campanela, que se tornou amigo dele, ele veio para São Caetano do Sul. Foi essa a razão principal. Na verdade foi por política, porque o Prefeito de São Caetano o convidou e aqui nós permanecemos.
Pergunta: Ele trabalhou toda a vida dele aqui?
Resposta:
Trabalhou na Câmara Municipal. Eu não me lembro, mas acho que ele teve uma passagem rápida pela Prefeitura, mas depois ele foi para a Câmara Municipal e lá ele foi assessor e diretor jurídico até se aposentar. Então, continuando, quando nós saímos do Colégio Rio Branco e ingressamos na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, e paralelamente a FEC, saímos dessas duas faculdades em 1972 e no primeiro concurso de ingresso ao Ministério Público, logo em 1973, nós não fomos felizes. Em 1975 meu irmão optou por prestar concurso para a magistratura e ingressou e em 1975 eu ingressei no Ministério Público e seguimos as nossas carreiras. Meu irmão continua até hoje seguindo carreira na magistratura, é desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, eu também acabei chegando a Procurador de Justiça, que é o último degrau no Ministério Público, ocupei cargos de administração direta do Ministério Público, como do Conselho Superior, onde fui secretário duas vezes, membro de banca de concurso de ingresso de promotores, tive também uma participação na Associação Paulista do Ministério Público, aonde cheguei a ser diretor de patrimônio, vice-presidente, e vivi intensamente dentro do Ministério Público e acabei me aposentando dois anos atrás.
Pergunta: E como era a questão, a atuação do Ministério Público nesse momento da década de 70, onde o Estado era bem diferente do atual?
Resposta:
É importante esse dado. Realmente eu vivi numa época áurea do Ministério Público, porque tanto o Ministério Público como a Magistratura eram instituições muito menores. Nessa época que eu ingressei, havia muito, a facilidade era maior dentro das instituições, facilidade em termos de comunicação, em termos de trabalho, embora não tivéssemos todos os recursos que temos hoje. Eu usei máquina manual. Em 1976 eu ainda usava máquina de datilografar manual, logo depois a máquina elétrica e bem depois o computador. As dificuldades eram maiores, mais paradoxal que possa parecer, em termos de avanços tecnológicos, mas em termos de possibilidade de trabalho era mais fácil. Nós tínhamos possibilidade de cruzamento de dados com muito mais facilidade porque as instituições eram menores. Eu me lembro, quando eu ingressei, havia no último degrau da carreira, se não me engano, eram 38 procuradores de justiça. A questão da territorialidade continua a mesma e hoje, para você ter uma idéia, são quase 300 procuradores de justiça. Eu me lembro que quando eu fui membro do Conselho Superior eu sabia o nome de todos os promotores do Estado. Hoje é impossível. Nós sabíamos o nome completo e hoje é humanamente impossível. E nós contávamos com tempos melhores. A criminalidade não era tão acentuada como hoje, mesmo a questão da relação das pessoas, não havia tantos atritos como hoje. Essa é uma realidade. Mas vivi intensamente, adquiri experiência e passei como promotor em São Caetano do Sul. Comecei minha carreira em São Vicente, como promotor substituto, fiquei pelo litoral como promotor substituto, depois estive em Santo André, em São Caetano, fui promotor em Ribeirão Bonito, na comarca de primeira entrância, promotor em Pirassununga, que é comarca de segunda entrância, promotor em São Caetano, que é comarca de terceira entrância, promotor em Itaquera, que já é capital, então é entrância especial, e ali era 1979 e ali eu atuava junto a Itaquera, Guaianazes e São Mateus e eram apenas três promotores para toda essa área. Era uma parte gigantesca de São Paulo. Ali peguei muita experiência e depois fui promotor algum tempo na Vara Distrital do Ipiranga e em seguida fui procurador de justiça. Da história mais recente do Ministério Público, pelo fato de eu ter ido para Itaquera, que ninguém queria, eu acabei passando à frente de 20 colegas e na história recente do Ministério Público eu fui o que chegou mais rápido, do ingresso na carreira de procurador de justiça, com 9 anos e meio, no passado demorava 15 anos e hoje demora muito mais. Essa é uma história profissional, dentro do Ministério Público. Fora isso, mas tão importante quanto ela, foi o fato de eu, em 1974, antes de ter ingressado no Ministério Público, ter sido convidado para dar aula no IMES, em 1974.
Pergunta: O senhor foi convidado por que motivo?
Resposta:
Na época, na realidade, não havia necessidade de concurso. Eu fui convidado pelo professor Oscar Garbelotto, que era muito amigo meu, me conhecia, ele tinha um pouco mais de idade, e ele me conhecia, e conhecia muito minha família e sabia dos estudos que nós tínhamos feito, mas ele acabou me convidando para dar aula de comunicação. Se no Ministério Público o importante foi a Faculdade de Direito, para o IMES o importante foi o curso de comunicação que eu havia feito. Eu ingressei no IMES como professor de comunicação.
Pergunta: O IMES dava comunicação e expressão?
Resposta:
Na realidade era língua portuguesa, mas o número de aulas não permitia que se tratasse de um curso de língua portuguesa propriamente dito. Todos aqueles pontos gramaticais, havia uma parte de comunicação, uma parte técnica de comunicação, e alguma coisa em termos de recapitulação da língua portuguesa. Lecionei praticamente a vida inteira comunicação no IMES. Nos últimos anos, de maneira acanhada, tenho me dedicado ao direito, mas, na realidade, eu cheguei a ter aqui, todos os alunos do IMES passaram pelas minhas mãos.
Pergunta: Essa disciplina tinha em todos os cursos?
Resposta:
De todos os cursos.
Pergunta: Quais eram os cursos?
Resposta:
Eram poucos na realidade. Na minha época, eram quatro cursos: administração de empresas e comércio exterior, ciências econômicas e depois que acabou chegando ciências da comunicação. Houve uma época que havia ciências sociais, eu cheguei em 1974, mas acredito que uns sete anos depois, o curso, por falta de interesse, acabou sendo extinto.
Pergunta: Mas no seu tempo tinha e o senhor deu aula?
Resposta:
Não. Ciências sociais era o único curso em que não havia a disciplina comunicação. Até estranho, porque era o curso que mais exigia comunicação, mas não havia, por questão da carga, desde a época que o curso de ciências sociais foi aprovado, não havia na grade a disciplina comunicação e nunca houve uma preocupação de se alterar. Mas logo depois que terminou o curso de ciências da computação, todos os alunos passaram a ser meus alunos. Para vocês terem uma idéia, na história do IMES, muita gente não sabe, havia aulas aos sábados, não na parte da manhã. A aula começava às 13:00h e ia até as 20:00h. Eu, durante 8 anos, ou um pouco menos, dei aula das 13:00h às 20:00h, por uma razão muito simples, porque como eu era promotor numa época muito dura, que eu tinha de, às vezes, estar no interior ou em Itaquera, eu não tinha o tempo todo para lecionar durante a semana. Eu optava por dar aula aos sábados. Eu começava a aula às 13:00h e ia até as 20:00h.
Pergunta: No final da aula havia alunos?
Resposta:
Havia sim. Depois desses 8 anos, mais alguns anos houve aula aos sábados até à noite e depois começaram a passar para a parte da manhã.
Pergunta: Professor, qual era o perfil dos alunos nessa época?
Resposta:
Mudou muito. Na realidade, embora os alunos sejam tão bons quanto aqueles, mas hoje são mais irreverentes. Eu acho que eles dão muito mais trabalho ao professor hoje do que davam antigamente. E antigamente, não sei dizer qual a razão, mas talvez por que nós tivéssemos um número muito menor de alunos. Para vocês terem uma idéia, quando eu ingressei aqui só havia o Prédio A, que é o prédio mais velho.
Pergunta: Não era o B?
Resposta:
Era o A. O B é aquele da Goiás.
Pergunta: O B é o do meio.
Resposta:
Então só existia o Prédio B. E o outro prédio não é o que está aí. Ele foi ampliado e muito, quase dobrou a instalação, onde hoje é a diretoria do IMES. Não havia mais nada. Nós tínhamos estacionamento do outro lado do Prédio B. E eram poucos alunos. Nós não tínhamos a quantidade de alunos de hoje. Obviamente, até pela natureza dos cursos, quando nós tínhamos ciências sociais, nós sabíamos que em ciências sociais havia alunos que tinham um perfil completamente diferente dos demais. Eram alunos que eram mais reacionários, que gostavam de movimentos. Quando eles praticavam isso, obviamente acabavam levando os demais. Hoje também, por essa gama enorme de cursos, existem personalidades diferentes, até em função da própria formação dos alunos. E eu acredito que isso acabe também fazendo com que o comportamento, alguns alunos comecem a aderir ao comportamento de outros, como aderem, isso não é exclusividade de IMES, mas é do mundo moderno. Então, era muito difícil. Não tinha, na nossa época, aluno assistindo aula de bermuda. Não podia. De boné em hipótese alguma. Havia uma exigência de que isso não acontecesse no IMES. Obviamente que o perfil comportamental era diferente e do ponto de interesse das pessoas, era muito maior o interesse das pessoas do que existe hoje em dia. Até acredito que naquela época, a grande maioria dos alunos, não todos, mas o percentual era maior daqueles alunos que cursavam para exercer a profissão e hoje talvez não ocorra. Muitos talvez fazem, não para exercer uma profissão, mas por exigência de uma empresa. Acredito até que isso tenha a ver, posso estar até errado na minha análise, mas era tudo muito diferente. Mas, como em todos os campos de atividade, as coisas mudam.
Pergunta: E o curso de administração, era um curso voltado para preparar as pessoas para o mercado de trabalho do ABC, que era disputado? As disciplinas, mesmo comunicação, eram voltadas para isso?
Resposta:
Eu não acredito. Na realidade, como eu lecionava comunicação, e não tinha muito acesso, nem muito interesse, em relação a todas as disciplinas do curso. Mas o que se procurava era formar um profissional em administração. Eu falo isso porque quando fui diretor eu cogitava um curso no IMES que pudesse formar os profissionais direcionados para a indústria automobilística. Essa foi uma idéia que eu lancei quando nós planejávamos o crescimento do IMES. Eu não sei se convém contar uma história da minha participação.
Pergunta: A gente vai falar da sua gestão como diretor.
Resposta:
Eu ingressei em 1974, fui chefe do Departamento de Ciências e Comunicação umas três ou quatro vezes e, em 1985, eu fui vice-diretor do professor Silvio Minciotti. Ele era o diretor geral e eu o vice-diretor e fiquei de 1985 a 1989, depois fui conduzido a diretor, de 1989 a 1993 e o professor Marco Antonio era meu vice-diretor. Em 1990, veja o significado, embora seja importante para vocês o que vou dizer, em geral não era um evento muito grande, mas nós vibramos muito no dia em que criamos o IMES Notícia, esse jornalzinho que vocês têm. Isso foi criado na minha administração e teve uma festa no pátio da escola para saudar do IMES Notícia. Imagine quantas coisas nós tínhamos pela frente. Se nós analisarmos retroativamente, nós vamos ver que era algo simples, porque nós entendíamos que havia a necessidade de uma maior interação dentro da escola, comunicação mesmo. E foi algo de muita euforia aqui dentro. Em 1991, isso até sinaliza um impulso de crescimento, parece que dizia que agora nós vamos crescer. Eu lembro que nós fazíamos as nossas reuniões de congregação, hoje não existe mais isso, eram duas por ano, obrigatórias, no encerramento do primeiro e do segundo semestres e compareciam todos os professores. E ali nós tínhamos a oportunidade de debater muitas coisas internamente e discutir muitos problemas. Havia uma pauta extensa. Todos os anos nós tínhamos isso e era possível, e até em função disso, acredito que as coisas eram, havia como administrar melhor os acontecimentos dentro da instituição. Nesse período nós procurávamos, os professores, estarmos sempre muito relacionados, muito interados. Eu dizia nessas reuniões que o IMES ia explodir, nós precisamos fazer o IMES crescer, nós precisamos construir e precisamos ser universidade. Em 1991 eu chamei alguns professores, inclusive o professor Afonso Celso Sampaio Fraga do Amaral, que foi professor nosso durante muitos anos, e ele era conselheiro do Conselho Estadual de Educação. O professor Afonso Celso e mais alguns professores fizeram um projeto de transformação do IMES em universidade. Em outubro de 1991, eu fui protocolar. Foi embrionário, foi uma primeira manifestação nossa perante o conselho. Esse processo teve tramitação durante 5 anos e, infelizmente, por alguns problemas, principalmente voltados a cursos de pós-graduação, algumas coisas que nós não conseguimos observar, esse processo acabou sendo cortado. Não houve uma solução de continuidade e depois nós tivemos de refazer. Esse foi um período importante, porque depois disso, logo em seguida eu, enquanto diretor, resolvi que nós tínhamos de crescer. Se não tínhamos obtido sucesso com a universidade, era uma razão maior para nós continuarmos crescendo e agora fisicamente. Foi quando nós começamos a construção do Prédio A, esse da Goiás e do poliesportivo. A construção começou no meu período. Eu me recordo muito bem que eu e o Marco Antonio armamos uma estratégia, um projeto para o Prédio A e para o ginásio, mandamos fazer uma maquete e combinamos uma visita do Prefeito Municipal de São Caetano ao IMES, à noite, já com a maquete pronta para apresentar a ele. Naquela época era o Prefeito Tortorello, um entusiasta da educação também. Ele ficou entusiasmadíssimo, mais que nós, e falou: Vamos construir. E em pouco tempo, não consegui no meu mandato como diretor concluir o projeto. Aí também teve alguns dados que poucos conhecem e vou passar para vocês, porque muita gente nem se lembra disso. Na época, eu acabei, em função, como trabalhei junto ao Governo do Estado, com o Fleury, que era meu colega no Ministério Público, quando ele foi Governador, antes dele ser Governador, quando ele foi Secretário de Segurança, eu fui assessor especial dele, em 1988 e, enquanto Governador, ele acabou me convencendo que eu deveria sair candidato a Prefeito de São Caetano do Sul. E obviamente, por conta disso, nós acabamos tendo alguns contratempos, porque eu saía candidato a Prefeito em oposição ao Prefeito Tortorello. Então, por isso atrasou a obra, eu mesmo saindo candidato, eu estava no final do meu mandato como diretor, e quando terminou a eleição, eu entendia, por uma questão ética, se tratando do IMES, o diretor do IMES era uma pessoa de confiança do Prefeito e eu acabei saindo da campanha derrotado e concluí que não deveria terminar o mandato de diretor, eu entendia que deveria deixar o Prefeito à vontade e assumiu o professor Marco Antonio. E fiz isso pensando na paz que deviria continuar reinando dentro da instituição, para que não houvesse nenhuma interferência de qualquer órgão.
Pergunta: Quando foi?
Resposta:
Foi no final de 1992. Meu mandato como diretor ia até o começo de 1993. Foi em dezembro de 1992. Praticamente nós já tínhamos encerrado o ano letivo, e iríamos entrar num processo normal eletivo. Mas eu fiquei preocupado, primeiro com a questão ética e segundo com o fato de que isso poderia trazer qualquer transtorno para o IMES. Nós tivemos esse problema e depois o professor Marco Antonio acabou dando continuidade à obra. Logo depois que ele assumiu foi eleito o Prefeito Dallanese e ele acabou concluindo a obra. Mas nesse meu período nós tivemos algumas coisas importantes. Criamos a Coordenadoria de Apoio Psicológico, a Coordenadoria de Recursos Humanos, a Coordenadoria de Concursos, tudo criado no meu tempo. Fizemos um trabalho interessante.
Pergunta: Professor, o senhor pode retornar um pouco à idéia de fazer um curso de administração voltado para a indústria automobilística?
Resposta:
Em 1991 nós entramos com pedido de universidade. Antes disso, próximo de 1990, em 1989.
Pergunta: Por que o senhor achava que era importante ter um curso voltado à administração de empresas automobilísticas?
Resposta:
Eu sempre defendi, na minha época, e penso nisso até hoje, embora não tenha acontecido bem assim, mas tenho de respeitar porque as pessoas têm um enfoque de idéias diferentes. Eu sempre defendi que o IMES devia se tornar uma universidade pequena e de altíssima qualidade, que não reunisse mais do que dez, doze cursos. E eu achava que nós, por estarmos num pólo, num setor da indústria automobilística, nós devíamos ter algum curso voltado para a produção automobilística. Poderia ser até a própria Faculdade de Administração voltada para a indústria automobilística. E foi uma idéia que lançamos na época e, aliás, hoje essa idéia está sendo retomada para a Universidade Federal que vamos ter aqui. É uma faculdade tecnológica. A idéia era essa, criar, mas nós não podíamos, enquanto instituto isolado, enquanto autarquia, nós não podíamos definir a faculdade que nós quiséssemos, não podíamos montar as disciplinas de uma faculdade que nós criássemos, que não existisse no estado e no país. Agora, como universidade sim, nós poderíamos fazer isso. Então, essa idéia surgiu do nada, mas infelizmente nós não acabamos levando adiante.
Pergunta: O senhor acha que essa sua idéia batia com a possibilidade do fato de a gente se identificar como uma região industrial?
Resposta:
Essa era a idéia. Nós temos uma General Motors na porta, uma Volkswagen ao lado, uma Ford próxima. Por que não pensarmos num curso forte voltado à indústria automobilística? Se você me perguntar como seria isso, não sei. Teria de ser na mão dos entendidos, mas com certeza nós poderíamos ter tudo voltado a ferramentaria, ao setor de produção. Poderíamos ter uma faculdade importante. Mas não sei por que depois a idéia não foi retomada. Passou, a universidade veio agora recentemente, nós tivemos o centro universitário e talvez tenha a possibilidade de essa idéia vingar. Seria interessante.
Pergunta: Voltando os alunos do IMES na década de 70, eles eram principalmente funcionários das empresas automobilísticas?
Resposta:
Não só da indústria automobilística, mas na área de administração de empresas havia nas salas inúmeros alunos da GM, do Banco do Brasil, da Basf, da ZF, que hoje não existe mais. Todos esses alunos às vezes estavam todos numa mesma sala. Então, não sei se isso ainda hoje acontece, não tenho essa idéia do curso de administração, mas na realidade sempre houve um interesse muito grande das empresas da região. E preferência pelo IMES, por se tratar de uma instituição local.
Pergunta: Havia uma preferência?
Resposta:
Sim. Nós tínhamos um número maior de alunos de São Caetano. Eu não posso afirmar com absoluta certeza, mas o número era bem maior do que atualmente.
Pergunta: Como era o processo de eleição dos diretores? O que fazia um professor para se candidatar, ou dependia da ascensão na carreira interna?
Resposta:
Era muito gostoso. O IMES era muito pequeno. Quando fui vice-diretor a lista tinha seis indicados e o Prefeito escolhia aquele que ele quisesse. Eu me recordo que para vice-diretor a lista foi com seis pessoas. Como eram poucos professores, eram 60 ou 70 professores, a possibilidade de comunicação era muito grande. Havia um processo, próximo da época, em que aqueles que tinham o interesse se manifestavam. E normalmente podia acontecer de nós discutirmos, às vezes tinha discussão sim, por causa de dois ou três nomes, mas iam seis e entravam os seis na lista. Havia uma possibilidade maior de composição e tudo mais. Hoje o sistema é diferente. Não existe uma participação. A participação era uma votação, como se fosse uma reunião de congregação normal. Nós nos reuníamos no auditório e ali nós fazíamos a nossa reunião, mas era também para a escola da lista. Eu fui indicado na lista com tantos outros, como o professor Laércio, o professor Marco Antonio, professor Denis Dorneles, professor Ferrante com certeza esteve na lista, vários professores. Mas para nós era normal. Obviamente tinha o aspecto político. E naquela época eu levei a melhor, obviamente de todos, o que tinha mais vínculo com a cidade e amizade com o Prefeito era eu e era previsível que seria eu. Eu fui indicado, não pelo Prefeito Tortorello, mas pelo Prefeito Braido. Ele que me indicou como vice-diretor e o professor Silvio Minciotti como diretor. Depois, no procedimento seguinte, eu não estou lembrado, mas acho que era uma listra tríplice.
Pergunta: Foi a primeira? Era uma lista só? Quer dizer, de 6 tiravam um para vice-diretor e de 6 tiravam um para diretor?
Resposta:
Eram duas listas, uma para diretor e uma para vice-diretor. Aqueles que compunham a lista para diretor não compunham a lista para vice-diretor.
Pergunta: Então eram escolhidas 12 pessoas?
Resposta:
Para você ver que não era tão complicado. Às vezes havia uma discussão, mas não era muito complicado o fato de nós termos as duas listas formadas. O processo final era o mesmo, como é ainda hoje, vai a lista para o Prefeito e ele escolhe e o diretor e o vice-diretor do IMES acabam tendo um mandato, com validade de 4 anos e não pode ser destituído do cargo. É mandato.
Pergunta: Mesmo como professor, o senhor tem alguma lembrança do movimento estudantil?
Resposta:
Muitas e era muito maior do que hoje. Eu tenho algumas coisas pitorescas. Na realidade, sempre houve, não posso dizer que alunos insatisfeitos não se movimentavam, às vezes por questões internas, com relação a professores. Isso aconteceu muito aqui. Nós tínhamos de sair socorrendo. E havia muito movimento em relação à mensalidade do IMES. É interessante que naquela época eu fazia questão de fazer uma tomada em todas as faculdades da região e na proximidade, e me recordo que nós sempre procuramos deixar o IMES dentro das três mensalidades mais baratas. Sempre, e ainda assim tivemos grandes movimentos. Eu me recordo que uma vez pararam a Avenida Goiás e nós não sabíamos o que fazer, nós fechamos o prédio, porque chegava a madrugada e nós ficamos com a preocupação de que pudessem fazer alguma coisa internamente e daí permitimos que entrassem grupos de alunos para pegar os seus materiais e irem embora, depois da manifestação. Havia um movimento forte, e já com vinculação política, com certa vinculação sindical. Mas depois acabei solucionando isso, acabamos abrindo um processo de negociação, que perdura até hoje. O professor Marco Antonio que conduzia isso e posso testemunhar e dizer que nunca houve ninguém mais competente e mais organizado, mais didático, para sentar com alunos, apresentar. Ele era duro na negociação, mas eu, quando chegava em mim, eu falava para fazer essa concessão, vamos fazer essa outra e nós dois acabávamos nos empenhando e os movimentos foram acabando. Esvaziaram-se, porque os alunos começaram a se conscientizar. E normalmente, disse isso recentemente no outro prédio do IMES, logo que ele foi inaugurado, que os alunos uma vez se revoltaram e eu estava lá e fui à sala conversar com os alunos, e realmente tinha um ar condicionado que não estava funcionando e os alunos estavam bravos, porque já tinham reclamado. Eu fui conversar e falei que ia anotar as dificuldades deles. Eu não tinha nada a ver com a história. Eles foram falando e falei que me comprometia a voltar e que ia ficar durante uns dez dias cuidando disso. Quando parei de falar estava escorrendo o meu rosto. Se eu puxasse o lenço os alunos iam me vaiar. E falei outra coisa: Hoje, como nós nos acertamos, está todo mundo dispensando. Amanhã está tudo em ordem. E os alunos foram embora felizes e eu comecei a voltar e 48h depois o ar condicionado começou a funcionar, não só naquela sala. Era um problema normal de um prédio que acabara de ser instalado, mas nós não tínhamos alternativas, porque a faculdade crescia. O que eu fiz? Todos os dias eu saía e via os problemas. Depois percebi que o que eles queriam era atenção. Então, a mesma coisa aconteceu lá atrás, quando era diretor, quando começamos a dar atenção aos alunos e a permitir que eles participassem de um processo, que muitas vezes era um processo de negociação, como hoje ocorre em empresas. Eles vinham, traziam as suas reivindicações, nós analisávamos e dizíamos por que sim ou por que não. E isso acabou resolvendo muita coisa. Realmente quem tinha toda a paciência e a didática para tudo isso, quem pioneiramente fez isso foi o professor Marco Antonio. E solucionamos os problemas. Houve vários movimentos, não só em relação à mensalidade, mas também em relação a professores. Nós éramos muito mais, não sei como hoje têm se comportado os alunos em geral, porque cresceu muito. Antigamente nós tínhamos quatro cursos e era fácil saber tudo a respeito de cada curso e hoje não temos essa possibilidade. Mas nós tínhamos critérios fortes em relação a isso, ao modo de se trajar, tínhamos alunos que assinavam pelo outro, e nós não admitíamos. Os alunos eram punidos, advertência e até suspensão. O rigor era maior, o rigor comportamental, a exigência do rigor comportamental era muito maior do que hoje, não tem nem comparação. E era possível ter o controle pelo número de alunos. Hoje não acredito. Acredito que até se possa hoje estabelecer normas de conduta, mas o controle é muito mais complicado do que antigamente. Imaginem vocês, era um prédio, só aquele que está no meio e o outro e mais nada. Outro dia falaram por que eu não volto à direção do IMES. Está louco! Na minha época era fácil e hoje é muito difícil. Na minha época não tinha nada e era fácil um diretor criar alguma coisa, construir alguma coisa. Hoje nós temos tudo, o que precisamos é aperfeiçoar. Também uma coisa que vocês não me perguntaram é sobre a estátua de São Pedro.
Pergunta: Está na nossa lista.
Resposta:
Quem trouxe, na realidade, foi o professor Oscar. Ele foi o primeiro diretor com mandato completo, se não me engano. E essa estátua, a história toda é que ela estava na Praça da Sé e iam encaminhar ao Papa e por razões óbvias não havia como levar e não tinha para onde levar a estátua. O professor Oscar falou: Se não tem lugar, traz para cá. E trouxe para o IMES e nós acabamos transportando. Isso foi na minha época. Na minha época, colocamos a estátua onde hoje é o Prédio A, havia um estacionamento, tudo gramado, com as letras IMES, vocês já viram as fotografias, com alguns trabalhos artesanais de madeira, havia umas letras enormes, ali era um estacionamento. Imaginem quantos professores havia, porque todos os carros cabiam ali naquele pedaço. Eu me recordo que nós pedimos para instalar a estátua ali. Só que isso foi uma operação de parar a cidade, porque precisaram vir dois caminhões do Corpo de Bombeiros, e quebravam cabo de aço. Isso durou horas e horas. Depois tivemos de tirar a estátua porque iam construir. Quando tiramos a estátua percebemos que a cabeça dela estava oca. Os cupins tinham comido tudo. E depois, como nós fazíamos para encontrar o artista para restaurar a estátua? Ela ficou uns dois anos, senão mais, na parte de trás do predinho do Ceapog. Ali estava tudo desapropriado e começou a servir de estacionamento no momento subseqüente, para outros professores e funcionários. E a estátua ficou ali deitada, fizeram um abrigo e depois de muito tempo, acredito que dois ou três anos, nós encontramos um artista que se dispôs a vir restaurar a estátua. Quando nós construímos o prédio, voltamos com a estátua e ela está lá até hoje, bonita. Mas foi outra operação de guerra. Imagine levar essa estátua a Roma, como seria. Seria uma dificuldade! Não sei se isso é lenda. Dizem que era um presente para a Praça de São Pedro. Não sei se isso corresponde e ninguém disse, o autor da oferta nunca disse diretamente e não sei se é lenda.
Pergunta: O artista que restaurou a estátua não era o Agenor?
Resposta:
O Agenor chegou a vir aqui, não estou lembrado da história, mas parece que ele não concluiu o trabalho e nós tivemos de chamar um outro artista. Se não me engano foi isso. Quem tem esse dado é o professor Oscar Garbelotto, da recuperação.
Pergunta: Ele contou a história da chegada da estátua, mas não da recuperação.
Resposta:
Outra coisa curiosa é que no IMES daquela época era possível você ter uma convivência maior com os alunos. Eu, particularmente, reunia meus alunos para estudar aos domingos, porque tinha aula aos sábados. Como não tinha aula no sábado à tarde, eu permanecia e passava exercícios para os alunos. Eu os preparava para provas. Tinha um critério de aproveitamento, não que era obrigatório, mas quem comparecesse supria alguma coisa que posteriormente teria de ser feita de sábado. Eu cheguei a reunir 450 alunos aos sábados e domingos. Vínhamos todos e ficávamos duas horas estudando e depois saíamos todos juntos para almoçar. A vida era muito mais agitada junto aos alunos na época. Eu me recordo que, hoje não sei como estão os bailes de calouros, mas a presença dos professores era muito maior, quando o número de professores era menor. Mas também é interessante, sinal da época e da existência de poucos cursos, nós tínhamos uma relação mais próxima com os alunos, conhecíamos bem todos eles e muitas vezes nós os aconselhávamos.
Pergunta: Na época que o senhor era professor, existia o curso vespertino?
Resposta:
Existia. Eu dava aula no curso vespertino, que começava às cinco horas da tarde.
Pergunta: As aulas eram em três períodos, manhã, vespertino e noite?
Resposta:
Não havia aula de manhã, só no período vespertino e noturno.
Pergunta: O vespertino era por quê?
Resposta:
Porque na realidade, eram poucas classes no vespertino, em menor número. Havia clientela para o período vespertino. Havia um bom número de pessoas que podiam comparecer mais cedo à escola e por isso se manteve, porque havia a necessidade de um maior número de turmas, para a faculdade começar a se viabilizar. E houve essa possibilidade.
Pergunta: Eram os alunos da GM, que saíam das fábricas?
Resposta:
Muitos sim, porque as próprias empresas, eu me recordo, eles davam o horário, concediam. Eles faziam compensações para sair mais cedo para vir. Havia clientela sim. Depois de algum tempo, eu me recordo, as aulas começavam exatamente às 17h15min e à noite começavam à 20h10min. Depois de algum tempo eu me recordo que havia muitos alunos que chegavam atrasados, vinte, trinta minutos. Quando isso começou, eles chegavam mais tarde ainda, aí fizeram algumas mudanças no horário. Havia esse problema para alguns alunos, não todos, mas alguns não podiam chegar exatamente no horário.
Pergunta: O IMES, na sua visão, sua concepção, está inserido dentro de São Caetano, na região do ABC ou no Estado de São Paulo? Diante disso, como era a relação do IMES com as universidades da região, Fundação e outras?
Resposta:
Na realidade o IMES, pelo menos era a minha idéia e dos meus colegas, o interesse do IMES sempre foi se projetar nacionalmente. Não queria ser uma faculdade só para São Caetano e estar satisfeito com isso, dentro do seu prestígio. Ao contrário, a idéia sempre foi levar o IMES muito além das nossas fronteiras. E acho que esse propósito ainda continua existindo. Se não fosse assim, nós não teríamos nos transformado em universidade, não teríamos construído o outro prédio, não teríamos adquirido uma área enorme. Evidentemente com o tempo o IMES deverá se consolidar como uma universidade nacional. Hoje ela já desponta, se você for verificar, em alguns cursos, acredito que até na área de jornalismo, com trabalhos e projeção de alunos, já existe. Na área de direito, o curso da Ordem, o exame da Ordem, os alunos se posicionam muito bem. O projeto sempre foi esse, não se tornar um ícone dentro da cidade. Obviamente, por se tratar de uma instituição que tem um trabalho sério, que tem professores excepcionais, que tem dedicação, tem amor, os professores se dedicam, a faculdade passa a contribuir dentro da cidade, como colabora. Tem contribuído demais, por ser uma instituição de ensino, com serviços excepcionais. Logo ela se torna em primeiro lugar da cidade, mas não que isso satisfaça à sua direção e aos seus professores, que desejam que ela se torne uma instituição conhecida no país e no Estado. A relação com as outras faculdades não era grande, a relação que existia era por intermédio dos próprios professores; uma relação maior com a Fundação Santo André, e às vezes nos interávamos, em época de vestibular, como ocorre até hoje, e às vezes através dos próprios alunos, com competições esportivas e tudo mais, em alguns eventos. Mas não era tão intensa, como talvez fosse desejado. Acho que até hoje é assim. A interação maior é feita pelos próprios professores que lecionam nessas instituições, não sei se por causa da dificuldade, mas não sei se esse é o objetivo da sua pergunta, a realização de eventos e tal, um conjunto de eventos, não me recordo. Talvez isso fosse fundamental, até em nome da regionalidade.
Pergunta: Apesar de o senhor não ter estado diretamente ligado à fundação do IMES, que medidas já caminhavam nesse momento da fundação e a relação que pudesse existir entre fundar uma escola de administração e ser uma escola municipal? O senhor acompanhava isso?
Resposta:
Eu acompanhava muito, porque na época quem teve essa idéia foi o Prefeito Braido, que era um homem que sempre se dedicou, na sua administração, à educação. Se hoje São Caetano é premiada, falada, enaltecida pela qualidade das suas escolas, pela quantidade de escolas, desde maternal, EMEIs, etc., se deve muito ao Prefeito Braido. Foi ele que iniciou e todos os demais Prefeitos acompanharam essa preocupação do Prefeito Braido. Na realidade, eu acompanhava isso por intermédio de Oscar Garbelotto. Só que em 1968, eu nasci em 1949, eu tinha 18 ou 19 anos e estava ingressando na Faculdade de Direito. Ingressei na Faculdade de Direito em 1968. Mas eu acompanhava porque nós tínhamos contato permanente com Oscar Garbelotto. Eu era muito amigo do cunhado dele e o cunhado dele era vizinho meu e freqüentemente nós nos encontrávamos, tanto é que tão logo eu concluí a faculdade eu fui chamado para vir lecionar no IMES, porque ele tinha acompanhado meus estudos. Logo em seguida ele me convidou, isso dentro da casa do cunhado dele. E ele me punha a par disso e eu acompanhava, minimamente, embora passasse grande parte do meu tempo em São Paulo, na Faculdade de Direito e à noite na FEC e nos dois últimos anos, como estagiário na Prefeitura de São Paulo, mas através do meu pai e através dele eu acompanhava o desejo de se construir uma instituição de ensino superior.
Pergunta: O seu pai participava desse processo?
Resposta:
Não ativamente, mas talvez por um desejo íntimo e fraterno. Apoiava mas não teve participação na criação. Na verdade isso foi próprio do Prefeito Braido, a iniciativa foi totalmente dele e do professor Oscar Garbelotto, que acompanhou tudo. A idéia de uma faculdade municipal era maravilhosa, embora a gente soubesse que ela nunca teria condições de manter a gratuidade em todos os cursos. Não haveria essa possibilidade, como não há hoje.
Pergunta: Mas não era essa questão da municipalidade. E a escola, a Prefeitura ter escolhido uma escola de administração?
Resposta:
Era a ESAN de São Paulo. Foi uma opção de momento a administração, talvez até voltada pela nossa vocação, não só local, como regional, que são as indústrias. Talvez as empresas, e eles em primeiro lugar, tiveram a idéia de uma faculdade de administração. Era administração, depois veio estudos sociais e economia. A idéia era essa, um pouco mais voltada à administração.
Pergunta: Para finalizar a gente pede uma mensagem, o que o senhor quiser deixar registrado sobre a sua experiência, para a gente finalizar a entrevista.
Resposta:
A mensagem é mais em função do trabalho que vocês estão realizando. A gente só tem a agradecer e isso é um registro importante. Eu tenho, em casa, minimamente guardado, um pouco da história da família e vocês estão criando a história, e registrando, coisa que lutei muito para que existisse, mas o tempo vai mudando, as administrações e hoje a gente sabe que algumas fotos importantes, na minha época, quando nós tivemos aqui dentro do IMES o Secretário de Segurança Pública, o Governador do Estado, Secretário de Meio Ambiente, Secretário de Direitos do Consumidor, e tenho algumas fotos que podem interessar vocês. Eu consegui resgatar algumas que estavam comigo, encontrar. Esse trabalho que vocês fazem é digno de maiores aplausos. E isso é um registro de tudo que nós fizemos. Eu pude contribuir, outros puderam contribuir. Eu vivi intensamente, vivo intensamente o IMES, vivo o IMES praticamente como a minha, não digo nem segunda casa, mas a primeira casa, porque hoje em dia vivo mais aqui dentro do que na minha casa, porque também tenho outras atividades. Esse é um trabalho que dignifica, porque traz aquilo que nós fizemos. Não tem quem não goste de saber; o que nós levamos da vida é essa participação ativa, em termos culturais, em termos profissionais, e espero que vocês continuem com esse projeto e ele passe para os próximos encarregados, para que no futuro nós tenhamos também para aqueles que continuam a colaborar com essa instituição, que será, sem dúvida, uma instituição que vai servir, não só para São Caetano, mas para o Estado e para o país. Pelo menos esse era o intuito de todos nós, do professor Silvio Minciotti, do professor Oscar Garbelotto, do professor Marco Antonio, do professor Laércio. É muito gratificante e agradeço a atenção, a gentileza e a oportunidade de poder falar. Obrigado.